4 de dez. de 2016

UM NOVO CAMINHO É POSSÍVEL?

A mão humana se mistura com as forças da natureza para compor a paisagem. Lavoura de arroz na várzea do Rio Pardo, município de Rio Pardo, RS (Foto: Leon Maximiliano Rodrigues).

Nosso sistema se mostra cada vez mais autofágico, autodestrutivo. Alimentá-lo através do nosso consumo é o comportamento mais natural. Parece a coisa certa a se fazer, pois vemos todo mundo vivendo dessa forma. Quanto mais melhor. Quanto mais industrializada, pasteurizada, processada, refinada for nossa vida, melhor. Pelo menos e o que nos parece...

Vivemos a era dos descartáveis. Não só as embalagens, mas nossas roupas, carros, celulares, computadores, amizades e ideias também estão se tornando descartáveis. E isso é fácil de entender. Para um sistema baseado no mercado é preciso vender. E quanto mais vendermos melhor. Assim o descartável, a substituição de algo por algo mais novo é muito estimulada. Coisas duráveis não fazem bem para o "mercado", pois impede de vender mais.

Por outro lado, vemos muitas pessoas condenando o consumo, as amizades superficiais, o descaso com a natureza, etc. Isso é, até certo ponto, bom, e mostra um lampejo de conscientização. Mas, na prática, nossa sociedade está tão transformada numa grande máquina de vida expressa, que nos resta quase nenhuma alternativa para ser diferente e desfrutar melhor a vida.

Por exemplo, se desejamos consumir algo mais natural, mais orgânico, vamos ao mercado e simplesmente não encontramos, exceto em raros pontos em grandes centros urbanos ou em locais distantes onde se escondem os poucos produtores orgânicos e agroecológicos.

Apesar disso, muitos se empenham -- e poucos o conseguem -- em tentar um estilo de vida mais saudável em todos o sentidos: alimentação, convívio humano, ambiente de vida e de trabalho, etc. Mas, o desejo de romper com o sistema cresce visivelmente. É só conferirmos as mídias sociais e o comportamento das pessoas.

Contudo, romper com o sistema na busca de um futuro sustentável não significa subir no palanque e dar discursos inflamados, ou se candidatar por um partido menos conhecido que defende ideias nada ortodoxas. Muitos que fizeram isso acenderam ao poder, mas não conseguiram romper com o sistema de fato. Ou se corromperam ou foram excluídos.

Romper com o sistema, antes de qualquer coisa, significa assumir atitudes práticas que nos distancie do que julgamos errado e nos aproxime do que entendemos ser mais sustentável e daquelas pessoas com quem podemos colaborar através de um estilo de vida mais humano e sustentável.