Sobre - Divulgação Científica

Por Que um Periódico de  Divulgação Científica?

Rodrigues, L. M. 2012. Por que um peródico de divulgação científica? Journal Explorator, v. 1, n.1, p. 1-2.

Este compreende o espaço para comentar cada edição e apresentar esclarecimentos sobre diferentes aspectos. Nesta primeira edição o texto do editorial explicará o “porque” de um peródico de divulgação científica.

APRESENTAÇÃO




Por Que um Periódico de
Divulgação Científica?

Leon Maximiliano Rodrigues
O Juornal Explorator (JE) surgiu da percepção de que havia um abismo entre o que acontece no meio científico e o que é veiculado e transformado em informação acessível e útil ao meio não-científico — cidadãos, políticos, empresários, etc. Não só pela demora para que um conhecimento gerado chegue ao público comum, mas porque há muitas distorções na interpretação desse conhecimento por veículos não especializados. Também pelos diversos equívocos ao longo da história relacionados ao mau uso do conhecimento.
Assim, são necessários mecanismos que diminuam o tempo entre a produção de conhecimentos e sua transformação em algo utilizável pela sociedade, seja na tomada de decisões, seja na forma de tecnologias. Esses mecanismos também devem ter a capacidade de filtrar a informação verdadeira da distorção ou da mentira, e apresentá-la de forma crítica.
Há também uma urgente necessidade de estabelecer uma divulgação mais criteriosa das descobertas científicas, dando ênfase a aspectos “relevantes”, e não somente aos “interessantes”. Ou seja, divulgar com responsabilidade e ética.

O papel da Ciência

A grande responsabilidade da Ciência é gerar conhecimentos e tecnologias que possibilitem mudar — para melhor — a vida das pessoas e dos outros seres vivos. Do contrário, seria apenas uma atividade egoísta voltada para a satisfação do ego de quem faz pesquisa e de quem ganha dinheiro com a pesquisa.
A Ciência é os olhos da Sociedade. Mais que isso, é a ferramenta que permite ampliar e aguçar o olhar da sociedade sobre a realidade. E deve ser o instrumento que permite a percepção cada vez mais acurada não só da realidade em si, mas das oportunidades e riscos. Negar à ciência essa responsabilidade é lhe retirar o sentido.
Foi pensando assim que surgiu a idéia inicial de produzir um jornal de divulgação científica. Não que não existam outros veículos de divulgação do conhecimento científico. Entretanto, os que conhecemos são quase todos de maior abrangência e desenvolvidos a partir do olhar do jornalismo, sendo a ciência apenas um objeto de interesse.
A questão que surgiu a partir desse contexto foi a de que seria necessário um veículo que mostre, além das questões relevantes mais abrangentes, o conhecimento aplicado a uma realidade regional, em nível nacional, estadual e até municipal, ou aplicado a outras escalas, como no contexto das bacias hidrográficas, tão importante para as demandas ambientais atuais.
Contudo, é preciso mostrar esse conhecimento de uma forma ao mesmo tempo crítica e o mais imparcial possível (com o mínimo de distorções). Não só mostrar os fatos, mas também os atores envolvidos, os responsáveis e suas conseqüências e causas. Dessa forma o conteúdo é apresentado de forma conectada à realidade vivenciada pelo leitor, sendo mais útil como ferramenta para conhecer sua própria realidade.

Estamos olhando na
direção certa?

Há grandes distorções, é claro, na função e prática da ciência na sociedade atual. Nem sempre quem divulga o conhecimento para além dos periódicos e eventos científicos está preparado para entender os meandros e implicâncias das descobertas científicas. Muitas vezes, reportagens e matérias jornalísticas conferem importância para aspectos secundários e de menor impacto na vida das pessoas e na sociedade, deixando de estabelecer o diálogo sobre aquilo que afeta mais a vida das pessoas.
Um exemplo foi, no início da década de 2000, a questão dos “organismos geneticamente modificados” (OGMs) ou, como ficaram conhecidos popularmente, “transgênicos”, em especial a soja. Naquela época — e em grande medida atualmente — o tema central dos debates era a questão dos efeitos sobre a saúde humana. Tais efeitos nunca foram comprovados. Somente após os OGMs estarem amplamente disseminados, sendo impensável uma reversão do processo de avanço destes organismos na geografia do país — e do mundo —, é que temas como a perda de variabilidade genética de espécies cultivadas e os impactos ambientais e sociais da cultura dos OGMs passaram a ser discutidos.
Hoje estes constituem a principal preocupação em relação aos OGMs, pelo menos no meio acadêmico.
Logo, a divulgação inadequada do conhecimento pode ter consequêcias importantes para a sociedade, sendo estas consequências muitas vezes irreversíveis.

Que tipo de divulgação
Precisamos?

Cada vez mais temos acesso a tecnologias e informação. Isso deveria resultar em avanço para a divulgação do conhecimento científico. O problema é que a informação científica constitui apenas uma pequena parcela do que é veiculado na rede, sendo geralmente excluída do repertório acessado pelo público comum, em detrimento de informações mais atrativas, mas menos comprometidas com a formação das pessoas e da sociedade.
De fato, a internet, o grande veículo contemporâneo que mudou a vida e as relações das pessoas, vem sendo destacado como causa de problemas na educação e formação dos indivíduos. Um dos motivos é certamente o tipo de informação acessada.
A interatividade, ou seja, a possibilidade que o internauta tem de construir o seu universo na rede, decidir em tempo real os caminhos percorridos e as informações acessadas constituem visivelmente um veículo mais interessante que os meio tradicionais de divulgação de informações.
Por isso, através do JE estamos propondo um canal alternativo nesse universo dinâmico e fantástico da rede interativa. Ao mesmo tempo, convidamos aos leitores a navegar nos nossos temas com a calma que falta para os habitantes do mundo virtual da internet.

Importância do
conhecimento científico

Outro aspecto relevante é que vivemos numa sociedade “cientifizada”. O método científico é cada vez mais utilizado para fins políticos, empresariais e em diferentes setores da sociedade. Por um lado, isso é positivo. Por outro, o método é operado pelos seres humanos, e sujeito aos seus erros e interesses.
Mais uma vez o tiro saiu pela culatra. A ciência é o grande instrumento de desenvolvimento da sociedade moderna. Mas, o uso desse instrumento pode ter efeitos diversos, dependendo do interesse ou da boa ou má fé de quem os opera.
Interesses à parte, nossa capacidade de antever os efeitos das tecnologias também deve ser considerado. Por exemplo, o uso de combustíveis fósseis foi a mola do desenvolvimento econômico da humanidade e ao mesmo tempo a causa de parte dos grandes problemas ambientais atuais. Poucas tecnologias mudaram de forma tão significativa a história da humanidade. Aliás, talvez nenhuma tenha mudado a história como os combustíveis fósseis. E após séculos de desenvolvimento fortemente impulsionado pelos motores a combustão, começamos a perceber e questionar o modelo de desenvolvimento baseado nessa tecnologia devido aos possíveis efeitos no clima global.
Portanto, divulgar conhecimento, especialmente o científico, é uma tarefa importante nos dias de hoje, pois contribuímos para uma visão cada vez mais ampla e realista das questões que afetam nossas vidas.
O JE surge com essa proposta, a de divulgar o conhecimento de forma crítica, acessível e interessante.

Nosso papel

Buscando contribuir para o dialogo entre ciência e sociedade, teremos como pano de fundo o meio ambiente e a natureza. Por quê? Ora... Porque os recursos naturais são a base de tudo. Precisamos deles para viver, ter saúde, pensar e tudo o mais. Independentemente da linha política, do regime de governo, das medidas econômicas, etc., o meio ambiente e os recursos naturais estarão sempre na base da sustentabilidade das vidas — todas elas. Podemos atingir a estabilidade econômica, erradicar o analfabetismo... Mas, nosso futuro estará sempre ameaçado se não resolvermos definitivamente a questão ambiental.
Por isso, a partir de agora, estaremos presentes, disponibilizando informação de forma aberta, democrática, honesta e ética.



Saudações leitores!
Sejam bem vindos à grande jornada do conhecimento.

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