7 de fev. de 2013

O Simples Direito de Existir




Por que ainda julgamos a utilidade das coisas somente em função dos serviços que prestam ao ser humano? Esse parece ser o critério decisivo para as ações humanas, assim como foi recentemente em Porto Alegre (RS), quando a Prefeitura decidiu derrubar inúmeros indivíduos da vegetação na Husina do Gasômetro e outras localidades, visando a duplicação de ruas para atender as demandas da Copa (Links 1 e 2a, b).
Aparentemente são apenas árvores. Mas, são de fato seres vivos com direitos por si só. Além disso, a derrubadade de arvores em Porto Alegre (RS) também está relacionada à percepção da Natureza como nosso quintal com os recursos disponíveis para expropriação. E essa percepção está muito associada ao sentimento do ser humano como algo externo à Natureza e, portanto, imune aos efeitos das alterações que produzimos no meio ambiente.
Contudo, o bom senso e as grandes questões globais nos mostram que já passou da hora de vermos o ser humano como centro de tudo. Superar o antropocentrismo não é mera questão de princípios, mas de necessidade.
A questão posta acima reflete um problema cultural historicamente arraigado na sociedade. E se repete em diferentes escalas ao longo do tempo, desde a derrubada de uma árvore no quintal de uma casa ao desmatamento de milhares de hectares na Amazônia. Ou seja, o julgamento sobre "fazer ou não" depende da utilidade imediata que tem para o homem ou sua economia. Porém, essa noção simplificada ignora os efeitos em cadeia que levam ao homem. Ignora que somos afetados pelas mudanças que nós mesmos produimos na paisagem.
Perceber que somos parte da natureza é como perceber que o dedão do pé faz parte do nosso corpo e é afetado quando um nervo no pescoço é rempido. Co-evoluímos com a natureza e todos os seres vivos que a constituem, em um precesso de contínua e mútua dependência.
Derrubar as árvores do Gasômetro não chega a ser algo catastrófico, não ameaça os ecossistemas já tão depauperados. Mas reflete uma cultura danosa ao meio ambiente, ao homem e sua economia. Reflete também um modelo de desenvolvimento que já nao se sustenta e que esgota aos poucos as possibilidades futuras.
Apesar disso, tal sentimento não é uma regra absoluta. Um contingente crescente de pessoas vem se manifestando em contrário à cutura dominante, e coloca em cheque o que chamamos de representatividade do poder público. Por exemplo, ao mesmo tempo em que a mídia veicula o fato ocorrido, ela questiona as razões do poder público (Link 2). Tabém ao mesmo tempo as pessoas se manifestam através das redes sociais (Link 3).
E ainda que nenhuma polêmica resolva ou esclareça questões comoe essa, não podemos ignorar o simples direito de existência de um ser vivo... 
Leon Maximiliano Rodrigues

Links sobre o caso de Porto Alegre:
Link 1 (Matéria G1)
Link 2a e Link 2b (Matérias rsurgente)
Link 3 (Comunidade Facebook)

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