Por que ainda julgamos a utilidade das coisas somente em
função dos serviços que prestam ao ser humano? Esse parece ser o critério
decisivo para as ações humanas, assim como foi recentemente em Porto Alegre
(RS), quando a Prefeitura decidiu derrubar inúmeros indivíduos da vegetação na Husina do
Gasômetro e outras localidades, visando a duplicação de ruas para atender as
demandas da Copa (Links 1 e 2a, b).
Aparentemente são apenas
árvores. Mas, são de fato seres vivos com direitos por si só. Além disso, a
derrubadade de arvores em Porto Alegre (RS) também está relacionada à percepção
da Natureza como nosso quintal com os recursos disponíveis para expropriação. E
essa percepção está muito associada ao sentimento do ser humano como algo externo
à Natureza e, portanto, imune aos efeitos das alterações que produzimos no meio
ambiente.
Contudo, o bom senso e as
grandes questões globais nos mostram que já passou da hora de vermos o ser
humano como centro de tudo. Superar o antropocentrismo não é mera questão de
princípios, mas de necessidade.
A questão posta acima reflete
um problema cultural historicamente arraigado na sociedade. E se repete em
diferentes escalas ao longo do tempo, desde a derrubada de uma árvore no
quintal de uma casa ao desmatamento de milhares de hectares na Amazônia. Ou
seja, o julgamento sobre "fazer ou não" depende da utilidade imediata
que tem para o homem ou sua economia. Porém, essa noção simplificada ignora os
efeitos em cadeia que levam ao homem. Ignora que somos afetados pelas mudanças
que nós mesmos produimos na paisagem.
Perceber que somos parte da
natureza é como perceber que o dedão do pé faz parte do nosso corpo e é afetado
quando um nervo no pescoço é rempido. Co-evoluímos com a natureza e todos os
seres vivos que a constituem, em um precesso de contínua e mútua dependência.
Derrubar as árvores do
Gasômetro não chega a ser algo catastrófico, não ameaça os ecossistemas já tão
depauperados. Mas reflete uma cultura danosa ao meio ambiente, ao homem e sua
economia. Reflete também um modelo de desenvolvimento que já nao se sustenta e
que esgota aos poucos as possibilidades futuras.
Apesar disso, tal sentimento
não é uma regra absoluta. Um contingente crescente de pessoas vem se
manifestando em contrário à cutura dominante, e coloca em cheque o que chamamos
de representatividade do poder público. Por exemplo, ao mesmo tempo em que a
mídia veicula o fato ocorrido, ela questiona as razões do poder público (Link
2). Tabém ao mesmo tempo as pessoas se manifestam através das redes sociais
(Link 3).
E ainda que nenhuma polêmica
resolva ou esclareça questões comoe essa, não podemos ignorar o simples direito
de existência de um ser vivo...
Leon Maximiliano Rodrigues
Links sobre o caso de Porto Alegre:
Link 1 (Matéria G1)
Link 2a e Link 2b (Matérias rsurgente)
Link 3 (Comunidade Facebook)
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