Hoje é o "dia do biólogo". A Biologia, desde que se emancipou da História Natural, num processo histórico que iniciou em 1771, com a primeira aparição do termo (Biologie, em alemão), em um trabalho do médico e zoólogo sueco Carl Nilsson Linnæus (Carlos Lineu em português), se desenvolveu como o "estuda da vida", com foco nos seres vivos que compõem a biodiversidade contemporânea e passada.
Porém, a Biologia moderna avançou, inicialmente graças ao microscópio, mas posteriormente graças aos avanços tecnológicos, em direção á exploração da vida em escalas muito pequenas e amplamente grandes, revelando para a sociedade seres diminutos, como bactérias e vírus, e sistemas vivos em grande escala, como os ecossistemas e comunidades ecológicas.
Acima de tudo, a Biologia, através do estudo da Evolução e da Ecologia, em particular, nos mostrou que a Natureza biológica não é um amontoado de espécies vagando aleatoriamente num espaço físico qualquer. A biologia representa uma verdadeira revolução na Natureza. Os seres vivos são a contracorrente do mundo físico.
Enquanto todos os sistemas naturais (geológicos, cosmológicos. etc.) seguem à risca as leis da termodinâmica, os sistemas vivos se organizaram no caminho da sintropia, em contraposição à entropia. Promoveram a organização e conservação da energia em contraponto à tendência de desordem e dissipação da energia natural dos sistemas.
Os sistemas vivos promovem a (bio)diversidade, a heterogeneidade e a complexidade em contraste com a homogeneidade e simplificação como destino inevitável dos sistemas naturais.
Entender como a vida se organiza e evolui é uma tarefa fundamental para a manutenção da vida no planeta. A sociedade humana evoluiu sem entender como funciona o grande sistema vivo do qual faz parte, o planeta Terra. Impulsionada pelas grandes revelações da ciência newtoniana, a humanidade sempre buscou a domesticação do planeta e a simplificação dos processos à semelhança dos sistemas naturais não vivos. O resultado é que nos tornamos a principal força transformadora do planeta.
Porém, estamos conduzindo uma transformação no sistema da Terra sem consciência de suas implicâncias e consequências para a vida e o ser humano. Nossa influência no planeta é tão forte que inventamos uma nova época, o Antropoceno. O que a ciência nos diz sobre o cenário que se configura diante de nós é que estamos colocando em risco a própria prosperidade humana ao modificar e destruir os sistemas da terra que garantem a manutenção das condições de habitabilidade humana no planeta.
Se não usarmos a habilidade que ganhamos da seleção natural ― a inteligência ― de forma conciênte, em vez de deixar que ela esteja a serviço de nossos instintos mais primitivos, poderemos conduzir o sistema Terra ao colapso, perdendo definitivamente todos os serviço ecológicos que o planeta nos oferece, como a estabilidade climática, solos e águas férteis e produtivos, etc.
Contudo, não devemos ser fatalistas. A humanidade também foi dotada pela Natureza de grande plasticidade adaptativa, que se traduz na sua grande criatividade. E nossa vontade inata de sobreviver e, mais que isso, de viver, deverá prevalecer. Ser humano e ser parte da biosfera e desse espetacular e singelo planeta é uma dádiva. Carregamos dentro de nós tudo o que precisamos para continuar nossa caminhada no planeta Terra, ou no planeta Gaia, nosso fantástico planeta vivo.
Já entendemos que o fenômeno da vida é uma singularidade ainda incompreendida no fenômeno do Cosmos. Estudá-la é uma grande tarefa. Compreendê-la é um grande desafio. Mas, é acima de tudo, um caminho para o autoconhecimento, pois somos uma das muitas expressões da vida.
Sabemos essas coisas em grande parte graças aos biólogos. Portanto, parabéns aos biólogos que dedicam a vida ao estudo e divulgação de um dos fenômenos mais extraordinários do Cosmos: "a vida".
Referência da Imagem:
Chapron, G., Epstein, Y., Trouwborst, A. & López-Bao, J. V. 2017. Bolster legal boundaries to stay within planetary boundaries. Nature Ecology & Evolution, 1(3): 86.
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